domingo, 30 de outubro de 2011

"ORGANON OU A ARTE DE CURAR" - RESUMO Prefácios e Introdução


      “ORGANON ou a Arte de Curar”
                               Resumo indicativo das matérias abordadas em cada parágrafo

        Samuel Hahnemann
   1755-1843


RESUMO DO PREFÁCIO DO AUTOR À SEXTA EDIÇÃO

O tratamento da doença pela alopatia e por considerarem que a doença é causada por substâncias ácidas e mórbidas, é feito através de métodos, como sangrias, e utilização de substâncias que obrigavam a excreção de líquidos corporais importantes para a recuperação do organismo. Estes métodos de cura são dolorosos e debilitam ainda mais o organismo.
Os medicamentos utilizados são medicamentos cujos efeitos são desconhecidos e temporários, originando doenças cada vez mais perigosas e difíceis de curar. Utilizam medicamentos que não são mais do que paliativos que escondem os sintomas mórbidos da doença mas que não a tratam.
As afecções do corpo são tratadas localmente pois consideram que são apenas locais o que faz com que as afecções internas vão invadir órgãos mais importantes.
Ao contrário, a Homeopatia demonstra que as doenças não são causadas por qualquer substância ou acidez mas sim “pela alteração dinâmica do princípio vital que anima o corpo do homem”.
A Homeopatia sabe que a cura da doença só acontece pela reacção da força vital contra a administração do medicamento escolhido.
A Homeopatia não utiliza métodos que debilitem ainda mais o organismo e evita sempre provocar a menor dor pois esta gasta energia necessária ao restabelecimento.
Só utiliza medicamentos que conhece com exactidão e que têm o poder de equilibrar a dinâmica do princípio vital e assim curar a doença.
A Homeopatia cura a doença pela semelhança utilizando doses mínimas e espaçadas que são capazes de remover a doença e o paciente, enquanto recupera, ganha energia e assim é curado.
A Homeopatia é um sistema de medicina que se mantém sempre constante aos seus princípios, às suas leis e quando compreendida correctamente é completa.
A Homeopatia é a antítese da Alopatia.


          Prefácio do Tradutor
           Dr.William Boericke (1921)

A Sexta edição do “Organon” é uma edição acrescentada e alterada da quinta edição editada em 1833.
Hahnemann estava em Paris e já com 86 anos de idade quando comunicou ao seu amigo e discípulo Boenninghausen a preparação desta obra. Escreveu também ao seu editor Mr. Schaub, em Dusseldorf (em Fevereiro de 1842), informando-o desta sexta edição, resultado de dezoito meses de trabalho dizendo-lhe que esta obra era a que mais se aproximava da perfeição. Exprimiu também o seu desejo de que fosse editada com muito cuidado tendo em atenção o papel e a letra. Esta seria a última edição e por isso a mais bela.
As alterações mais importantes feitas nesta edição são:
-         A nota extensa ao parágrafo 11 dá grande importância à pergunta “O que é a influência dinâmica?”
-         Nos parágrafos 22 e 29 fala-nos da sua última concepção em relação ao princípio-vital-dinâmico-térmico, que usa em todas as edições anteriores, passando a falar em força vital.
-         Os parágrafos 52 e 56 foram completamente escritos de novo.
-         Acrescentou extensas notas aos parágrafos 60 a 74.
-         Renovou quase todo o parágrafo 148 que se refere à origem da doença negando que a Materia Peccans seja o primeiro factor etiológico.
-         Os parágrafos 246 a 248 respeitantes às doses de tratamento das doenças crónicas, são muito importantes. Principia aqui com a dose única e aconselha a repetição das doses, mas noutras potências.
-         Nos parágrafos 269 a 272 ensina-nos a técnica para a preparação dos medicamentos homeopáticos, especialmente de acordo com as suas últimas ideias.
-         No parágrafo 273 fala-nos da questão do uso de dois remédios ao mesmo tempo, sempre que não sejam compostos químicos. Todas as dúvidas da impropriedade de tal procedimento estão esclarecidas neste parágrafo.
-         A nota ao parágrafo 282 é nova e muito importante. O tratamento das doenças crónicas que dependem da psora, da síphilis ou da sicosis, separa-se por completo do que aconselhava em edições anteriores. Agora aconselha que se comece o tratamento mais cedo com grandes doses do remédio específico e se necessário várias vezes ao dia e gradualmente passar para dinamizações mais altas. Para as verrugas considera necessária a aplicação local acompanhada do uso interno do mesmo remédio.
Esta sexta edição do “ “Organon” de Hahnemann é a mais elevada concepção da filosofia médica, cuja interpretação prática guiará o médico, por meio da Lei da Cura, a um mundo novo em terapêutica.
Esta edição tem uma introdução do Dr. James Krauss, de Boston, discípulo de Hahnemann.


INTRODUÇÃO  
Dr. James Krauss (1921)
(Á sexta Edição traduzida pelo Dr. William Boericke)

Nesta introdução o Dr. James Krauss elogia a fiel tradução feita pelo Dr. William Boericke a esta sexta edição do “Organon” cujo manuscrito esteve em perigo de perder-se na Guerra Franco-Prussiana (1880-1881) e mais tarde na invasão da Westphalia durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1918).
Tudo o que Hahnemann escreveu é de interesse médico histórico. Hahnemann é uma das quatro personalidades de época na história da ciência médica.
Hipócrates, o Observador, introduziu a observação clínica como base necessária do diagnóstico patológico.
Galeno, o Divulgador, divulgou os ensinamentos de Hipócrates no mundo médico.
Paracelso, o Impugnador, introduziu a química e a física na prática médica.
Hahnemann, o Experimentador, descobriu a fonte sintomática tanto do diagnóstico patológico como do terapêutico e assim converteu em científica a prática da medicina.
Na medicina científica o doente é examinado como um todo, quer, sofra ou não de doença localizada, para obtermos todos os sinais e sintomas da dita doença e assim podermos fazer o diagnóstico e o prognóstico correctos.
Examinamos observando o estado patológico e comparando-o ao fisiológico para interpretarmos o diagnóstico, afirmarmos o prognóstico e aplicarmos a terapêutica.
Diagnosticamos classificando a condição patológica actual com condições semelhantes.
Diagnosticamos o lugar anatómico, as partes ou os órgãos afectados.
Diagnosticamos o proceder fisiológico.
Diagnosticamos o factor etiológico, o como, os antecedentes de predisposição de desenvolvimento, traumáticos, infecciosos e de excitação.
Diagnosticamos o tratamento curativo (que contribui para vencer a doença, curar) e paliativo (que suprime ou atenua os sintomas sem actuar directamente na doença que os provoca) e o profilático por meio da higiene e saneamento.
O tratamento de doentes, sujeito a malformações, feridas, inflamações traumática e infecciosa, neoformações faz-se com actos cirúrgicos e higiénicos.
A cirurgia pode remover ou paliativar as consequências de excessos, defeitos ou perversões anatómicas, o emprego de glândulas para substituir glândulas, vacinas para formar anticorpos e soros para suprir anticorpos, pode remediar ou paliativar os efeitos de excessos, defeitos ou perversões fisiológicas.
A medicina pode curar ou paliativar as consequências de excessos, defeitos ou perversões etiológicas, consequências que não são curadas ou curáveis, paliativadas ou paliativáveis por meio da cirurgia ou como medidas higiénicas ou quase higiénicas.
É impossível conhecer todos os antecedentes causais das doenças. Como curaremos ou paliativaremos estes efeitos com substâncias medicinais?
Pela primeira vez, Hahnemann disse: “Eliminai os efeitos e eliminar-se-á a doença, que é a causa dos efeitos”. Cessat effectus cessat causa.
A medicina empírica supõe, recomenda, prova, age e engana-se, e engana-se e de novo e age da mesma maneira.
A medicina científica não adivinha nem faz suposições. Compara os efeitos, sensações e movimentos com os correspondentes efeitos, sensações e movimentos.
Hahnemann disse que se devem aplicar as substâncias medicinais sobre a base do conhecimento dos seus efeitos positivos. Já que é impossível conhecer todos os agentes causais da doença, devemos tratar os efeitos da doença que conhecemos com os efeitos dos medicamentos que averiguamos e conhecemos. Os efeitos da doença cessam com a aplicação de medicamentos que tenham efeitos que correspondam a eles. Se os efeitos da doença cessam, temos a cura. Se apenas são removidos em parte, temos a paliativação.
A comparação científica dos efeitos da doença com os efeitos do medicamento conduz à inferência do diagnóstico da medicina científica.
De 1790, altura em que fez as primeiras experiências com a china, até 1842, Hahnemann experimentou 99 drogas e fez as suas anotações que se encontram na “Fragmenta de Viribus Medicamentorum Positivis”, “Matéria Medica Pura” e “Doenças Crónicas”.
Hahnemann foi um experimentador. Experimentou em si a china e verificou que a china cura os paroxismos de calafrios e de febre, porque produz paroxismos de calafrios e de febre.
A experimentação tem um de dois propósitos: observar para deduzir, ou verificar a indução.
Hahnemann experimentou para observar. Notou em si mesmo os efeitos sintomáticos da china como semelhantes aos efeitos sintomáticos da febre intermitente com que curara noutros com a china.
Hahnemann concebeu a afinidade sintomática das drogas pelos tecidos, a similitude sintomática de drogas e tecidos como essencial para o tratamento de doenças medicamente curáveis.
Foi a esta semelhança sintomática de drogas e tecidos a que chamou homeopatia e para a desenvolver escreveu o “Organon da Medicina” em 1810, tendo feito sucessivas edições em 1819, 1824, 1829 e em 1833. Foi esta edição, a 5ª, que depois de cuidadosamente revista e anotada, deu origem à 6ª edição em 1842.
Hahnemann, ele próprio verificou que não havia erro nas suas induções. Tratou pessoalmente os seus doentes curáveis medicamente e ensinou outros médicos a tratarem os seus doentes com o método baseado na semelhança dos sintomas que concebera.
As demonstrações de Hahnemann convencem aqueles que possuem integridade intelectual para a convicção científica. A era da experimentação científica, médica, principia com Hahnemann.
Hahnemann experimentou cientificamente com o fim de observar cientificamente. Experimentou sempre a sua indução cientificamente nos seus doentes e fez do seu método da semelhança dos sintomas o método central curativo da terapêutica científica, método seguido há mais de um século. Os resultados comprovam a tese de Hahnemann.
É o “Organon da Medicina” de Hahnemann que ensina o método da semelhança dos sintomas como a base experimental do diagnóstico patológico e terapêutico, como o verdadeiro caminho da medicina científica.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO

 Medicamento Homeopático



Introdução, Histórica e Filosófica, ao Medicamento Homeopático - Leis da Homeopatia

No século XVIII, grande parte da terapêutica comummente utilizada provocava mais sofrimento e novas doenças nas pessoas a quem pretendia ajudar.
A Homeopatia, descoberta em 1796 pelo médico alemão, Dr. Samuel Hahnemann, a quem se deve a sua formulação e estruturação adequadas, é uma medicina vitalista, energética, que vê o indivíduo como um todo como uma unidade mental, emocional e física.
O homem é um ser único, energético, com carácter próprio que tem de ser tratado individualmente e como um todo, com um medicamento feito de uma única substância e que simultaneamente o trate no seu todo – Mental + Emocional + Físico.
A homeopatia nasceu como resposta à profunda frustração e descontentamento que o Dr. Hahnemann, um profissional, médico sensível e humanista, sentia perante a medicina anti-vitalista e brutal do seu tempo que, ainda mais do que hoje, considerava o ser humano como um conglomerado anárquico de partes, despojadas da sua essência e cuja terapêutica era terrivelmente agressiva e muitas vezes irracional. 
Os médicos alopatas, por considerarem que a doença era causada por substâncias ácidas e mórbidas, era tratada através de métodos, como sangrias, e pela utilização de substâncias que obrigavam a excreção de líquidos corporais, importantes para a recuperação do organismo. Estes métodos de “cura” são dolorosos e debilitam ainda mais o organismo.
Utilizavam medicamentos cujos efeitos eram temporários e desconhecidos, que em vez de tratarem originavam doenças cada vez mais perigosas e difíceis de curar (doença iatrogénica). Estes medicamentos não eram mais do que paliativos que escondiam, suprimiam os sintomas mórbidos da doença mas que não a tratavam.
As afecções externas do corpo, que são a manifestação ou seja, o reflexo da doença interna, eram tratadas localmente, eram consideradas apenas locais, superficiais, o que fazia com que as afecções internas, que não se podiam manifestar externamente, invadissem outros órgãos mais importantes (ver resumo anexo do “Organon” – Introdução do autor à 6ª edição).
Homeopatia (de "homeos" = Semelhante e "Pathos" = doença, patologia) é uma ciência e uma arte baseada nas leis da natureza para a cura, ao contrário da alopatia (de "Ayos" = diferente e "Pathos" = doença, patologia) a medicina oficial da época.
Naquele tempo, a grande dúvida do Dr. Hahneman era como descobrir substâncias que fossem úteis para tratar, para ajudar os médicos a curar as enfermidades que assolavam a humanidade. Os achados e descobertas acidentais de alguns produtos ou práticas que melhorassem os sintomas dos pacientes não cobriam as necessidades e não eram muito eficazes.
Quando o Dr. Hahnemann decide experimentar algumas substâncias conhecidas e anotar todo o tipo de manifestações que elas provocavam em seres humanos saudáveis, o que aconteceu foi a descoberta de um método para conhecer a acção curativa das substâncias. A partir desse método experimental nasceram os remédios homeopáticos.
A Homeopatia baseia-se na Lei da Semelhança, ao contrário da alopatia, a medicina dos contrários.


§52
“Só existem dois métodos principais de cura: um baseado na observação precisa da natureza, na experimentação cuidadosa e experiência pura, o homeopático (nunca antes de nós utilizado intencionalmente) e um segundo que não faz isto, o heteropático ou alopático. Um opõe-se ao outro, e só aquele que não sabe nada pode ter ilusão que eles possam alguma vez aproximarem-se ou mesmo unirem-se, ou ser tão ridículo que uma vez pratique homeopaticamente e outra alopaticamente, de acordo com o gosto do paciente; uma prática que se pode chamar traição criminosa contra a divina homeopatia.”

                                                                                             (Organon ou a Arte de Curar)


A Homeopatia estabelece que o "semelhante pode ser curado pelo semelhante" ("SIMILIA SIMILIBUS CURANTUR"). Ou seja: os sintomas que experimentalmente foram produzidos em pessoas sãs, por substâncias do reino mineral, vegetal e animal, serão os que servem para poder seleccionar o medicamento com os sintomas mais parecidos, ou semelhantes, àqueles que o doente apresenta. Esta conclusão, por analogia, permite afirmar que os medicamentos homeopáticos curam no doente aquilo que produziram no homem são.
Os sintomas são os mecanismos defensivos mediante os quais a Natureza expressa a "enfermidade ou doença Interna", quer dizer, é através dos sintomas que o organismo expressa o desequilíbrio na força vital e avisa-nos do local do organismo, onde esse desequilíbrio se está a manifestar.
Os sintomas são as "manifestações externas" da doença que internamente afecta todo o organismo, tanto a mente como o corpo e devem ser tratados "desde o fundo", "de dentro para fora" para que assim se possa restabelecer a saúde de forma total e permanente.
Reportando-me a algumas páginas atrás, quando me referi ao conceito de doença para a Homeopatia, falei da influência miasmática. É que, por trás dos processos bioquímicos há uma “dinâmica” que condiciona o processo da doença, há uma influência que predispõe o indivíduo para a doença, este indício foi reconhecido pelo Dr. Samuel Hahnemann, há mais de 200 anos, no início do século XIX.
No prefácio à sexta edição do “ORGANON” (ver resumo anexo), o Dr. Hahnemann, referindo-se à doença, diz que, ao contrário da alopatia e portanto das ideias da época, a Homeopatia demonstra que as doenças não são causadas por qualquer substância ou acidez mas sim “pela alteração dinâmica do princípio vital que anima o corpo do homem”.
Esta alteração dinâmica do princípio vital é provocada por uma determinada influência energética que predispõe para a doença, altera o normal estado mental e comportamental do indivíduo, acentua os efeitos do seu próprio carácter, mostrando fisicamente, pelos sintomas, alterações funcionais e estruturais, que resultam da desarmonia gerada nos seus planos superiores, o Dr. Hahnemann chamou-lhe “miasma”.
Ainda mais à frente, no mesmo prefácio, o Dr. Hahnemann continua a explicar que a Homeopatia sabe que a cura da doença só acontece pela reacção da força vital contra a administração do medicamento escolhido, não utiliza métodos que debilitem ainda mais o organismo e evita sempre provocar a menor dor, pois a dor gasta a energia necessária ao restabelecimento da saúde. Só utiliza medicamentos que conhece com exactidão e que têm o poder de equilibrar a dinâmica do princípio vital e assim curar a doença.
A Homeopatia cura a doença pela semelhança utilizando doses mínimas e espaçadas que são capazes de a remover.
O paciente, enquanto recupera, ganha energia e assim vai promovendo a cura.
A Homeopatia é um sistema de medicina, baseada nas leis da natureza, que se mantém sempre constante aos seus princípios, às suas leis, que são as seguintes:

1ª Lei - “Similia, Simillibus Curentur “ – O Semelhante Cura o Semelhante
2ª Lei - Lei da Prova
3ª Lei - Medicamento único
4ª Lei - Dose mínima
5ª Lei - Lei de Hering ou Lei da cura

1ª Lei - “Similia, Simillibus Curentur “ – O Semelhante Cura o Semelhante.
Este princípio é um princípio baseado em tratar uma pessoa com uma substância que num indivíduo saudável produz sintomas semelhantes ao que a pessoa doente apresenta.
Este princípio, o princípio da semelhança é a base teórica da doutrina homeopática desenvolvida pelo Dr. Hahnemann no “Organon ou a Arte de Curar”, o livro que é a “Bíblia” da Homeopatia, cuja 1ª edição data de 1810 e a última, a 6ª de 1842, editada postumamente, é um conceito fundamental para a Homeopatia.
A cura verdadeira só acontece, quando uma doença “natural” for vencida por uma doença “artificial” (medicamento) semelhante. A cura só acontece se for respeitada a lei dos semelhantes, ou seja, se a doença provocada pelo medicamento for semelhante à doença apresentada pelo doente. Se os sintomas do doente forem os mesmos provocados pelo medicamento, quando experimentado no homem são.
A semelhança entre o medicamento e o doente será maior, quanto maior for a individualização dos sintomas.
Depois de enunciar esta lei, o Dr. Hahnemann reforça-a no parágrafo 27º do Organon, onde diz que o método de cura mais radical, permanente e seguro será a administração de um medicamento capaz de produzir (numa pessoa saudável) a totalidade dos sintomas, a cada caso individual, da enfermidade que se pretende curar.
O poder curativo dos medicamentos, depende da semelhança dos sintomas que pode causar no organismo humano, referentes à doença em causa, mas têm que ser superiores em força (energia). O medicamento tem que ser mais forte que a doença.

2ª - Lei da Prova 
Cada medicamento provoca exactamente os mesmos sintomas em diferentes provadores, desde que estejam em pleno estado de saúde. Todos os indivíduos experimentam sintomas idênticos a todos os níveis (mental, emocional e físico). Este princípio prova que a homeopatia é uma ciência.
O conceito de ciência é um conceito de reprodutividade, por isso, a Lei da Prova é ciência, porque os resultados são reprodutivos. O carácter científico da homeopatia é dado pela reprodutividade do resultado das administrações dos medicamentos. Este princípio apareceu na sequência da descoberta da Lei da Cura.
O Dr. Hahnemann deu uma das maiores contribuições à Medicina com o seu inovador método de pesquisa: a experimentação em homens sãos.
Ao utilizar pessoas doentes não saberíamos quais os sintomas que eram devidos à substância a testar e quais os que eram devidos à doença. Por isso, estabeleceu linhas de orientação para a experimentação.
  1. Em cada experiência deve estudar-se uma única substância diluída segundo o método homeopático;
  2. Administrá-la repetidamente a um grande número de indivíduos saudáveis de ambos os sexos;
  3. Observar e anotar as alterações que daí surgirem no estado físico, emocional e mental dos provadores.

Com a experimentação, o homeopata consegue descobrir as várias manifestações que cada substância pode desencadear numa pessoa que lhe seja sensível.
Para observar a acção das substâncias mais fracas, os provadores devem ser pessoas sãs, delicadas, irritáveis e sensíveis, devem ser pessoas conscienciosas, fidedignas e durante a experiência evitarem qualquer tipo de excitação tanto do corpo como do espírito. O provador deve ser uma pessoa mental e fisicamente saudável, deve saber fazer uma observação cuidadosa de si próprio e não se deixar perturbar. Deve ser inteligente e saber expressar-se e descrever as sensações experimentadas, o mais exactamente possível.
As substâncias devem ser provadas na 30CH para se poderem observar os poderes medicinais, mesmo os das substâncias mais fracas. O medicamento deve ser experimentado em várias situações e em várias horas do dia para poder ser determinado o carácter dos seus sintomas e as suas modalidades (ver resumo anexo dos §105 a 142 do “Organon”).
O homeopata deve conhecer os medicamentos ou seja, deve saber matéria médica. Pela experimentação, podemos conhecer o poder de cura do medicamento que é mostrado pelas mudanças na saúde observadas durante a prova em pessoas sãs.
Os sintomas causados, pelos venenos provados, dão-nos a indicação da sua acção curativa homeopática que é comprovada por prova, ou seja pelas alterações provocadas, na saúde do indivíduo, quando a substância é experimentada no indivíduo saudável. 


3ª Lei - Medicamento único.
O Dr. Hahnemann e os seus voluntários experimentavam uma substância de cada vez para não mascarar os efeitos de cada uma. Hahnemann não admitia que se misturassem 2 ou mais substâncias de cada vez.
O Dr. Hahnemann achava que era impossível reconhecer-se o poder curativo do medicamento se o misturasse com outros. Só pela administração de 1 medicamento de cada vez podemos perceber se os efeitos são os correctos e necessários. Utiliza-se um medicamento porque experimentamos um de cada vez e porque e nossa matéria médica é uma matéria médica compilada de medicamentos únicos.
Assim como há uma maneira individual, própria de cada um de adoecer, assim descobriu o Dr. Hahnemann que há um medicamento único para cada indivíduo. O medicamento é sempre individual.
Como se disse anteriormente o perfil curativo de uma substância é dado pela experimentação em seres humanos sãos, pelos sintomas experimentados pelos provadores. Estes sintomas constituem o poder curativo do remédio homeopático, com um espectro capaz de curar o indivíduo nas esferas mental, emocional e física.
Cada substância tem uma afinidade específica com as diferentes áreas do organismo. Dr. Hahnemann descobriu, assim que quase todas as substâncias e elementos do universo têm um poder curativo oculto para os seres vivos, que se torna acessível através de um processo de diluição e dinamização sucessivas, que caracterizam a preparação do medicamento homeopático.
Deve-se comparar o quadro de sintomas do medicamento com o quadro dos sintomas da doença que o paciente apresenta a fim de encontrar o remédio, o mais semelhante possível, o seu "similimum".
O medicamento deve ser prescrito até esgotar a sua acção, até haver um único sintoma da pessoa que esgote a acção do medicamento
 .
4ª Lei - Dose mínima
Pode definir-se o conceito de dose mínima como "a quantidade mínima de medicamento necessária para produzir uma reacção curativa no doente". O Dr. Hahnemann utilizava sempre doses pequenas de medicamentos, doses ínfimas.
Os medicamentos são feitos à base de venenos e plantas tóxicas e são dados na dose mínima para que somente o efeito benéfico das substâncias apareça durante o tratamento.
Por mínimo entende-se o mínimo possível de medicamento capaz de provocar uma reacção sem provocar intoxicação, é a mínima dose que consegue impulsionar a pessoa (dar um encontrão ao miasma). Os medicamentos devem ser dados na dose mínima e na potência adequada.
Nos parágrafos 67º a 69º do Organon, o Dr. Hahnemann diz que nas curas homeopáticas, a experiência mostrou que doses pequenas são suficientes para remover a doença (dose mínima) (ver resumo anexo do “Organon”).

5ª - Lei de Hering ou Lei da cura
Esta última lei homeopática já não se deve ao Dr. Hahnemann, mas sim ao Dr. Hering, que a enunciou dois anos depois da morte do Dr. Hahnemann.
Baseando-se na sua experiência no tratamento de muitas pessoas, constatou que a cura da doença crónica acontece sempre segundo os mesmos princípios:

“A doença cura-se de cima para baixo, de dentro para fora, pela ordem inversa do aparecimento dos sintomas e pela prioridade dos mesmos”.

A cura dá-se da cabeça para os pés (de cima para baixo). Do mental para o emocional para o físico. De dentro para fora (do mental para o físico) e pela prioridade dos sintomas – o mais importante, o que leva o doente à consulta é a principal queixa a ter em conta no momento.
O adoecer é o processo de manifestação da perturbação da energia vital. Este processo estende-se à totalidade do indivíduo, ou seja, há manifestações (sinais e sintomas) do desequilíbrio energético no mental, emocional e físico, ainda que em graus diferentes.
Para Hahnemann, a cura é o restabelecimento da “saúde de maneira rápida, suave e permanente” (parágrafo 2º do Organon) e só acontece se houver “restabelecimento integral da energia vital” (parágrafo 12º do Organon) que por ser imaterial só pode ser influenciada por uma força também imaterial (no caso, a energia do medicamento apropriado, do similimum, que é o medicamento mais semelhante possível ao indivíduo).
Coube a um grande discípulo de Hahnemann, o médico Constatine Hering, observar quais são os passos desse “restabelecimento” da energia vital. Tais passos da cura são denominados Lei de Hering.
A Lei de Haring tem grande valor na prática médica, ajuda a interpretar os diversos fenómenos que ocorrem durante a cura do indivíduo e possibilita a avaliação dos erros e acertos no tratamento.

Depois desta pequena introdução, vou então falar do medicamento homeopático. O que é o medicamento homeopático.




O QUE É O MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO

O medicamento homeopático é um medicamento que é feito a partir de substâncias puras da natureza provenientes dos reinos animal, vegetal e mineral e que é submetido à Lei da Prova. É feito a partir de uma única substância, diluída e dinamizada. O medicamento homeopático tem as características de curar todas as vezes, todos os indivíduos e em todas as circunstâncias e de absorver a energia miasmática.
É uma substância com capacidade de alterar a saúde do Homem.

Esta definição, apesar de sintética, define de uma forma bastante clara e compreensível o que é um medicamento homeopático.
O medicamento homeopático é um medicamento que é feito a partir de substâncias puras provenientes dos três reinos da natureza: vegetal, animal e mineral.
O Reino Vegetal é o que contribui com o maior número de medicamentos homeopáticos.
Na sua preparação podem ser utilizadas plantas inteiras, como por exemplo é o caso da Pulsatilla (anémona dos prados) e do Rhus toxicodendron (Hera-venenosa) ou, então, apenas algumas partes (flores, folhas, frutos, sementes, raízes) como é o caso do Allium cepa (cebola) e da Belladonna.
Do Reino Animal podem ser utilizados animais inteiros como, é o caso Apis mellifica (abelha) e da Formica rufa (formiga), ou produtos de origem animal, como secreções fisiológicas normais como é o caso da Lachesis (veneno da cobra surucucu), Lac caninum (leite de cadela) ou da Sepia (tinta de um molusco) ou mesmo secreções patológicas como o Medorrhinum (corrimento da gonorreia) ou o Malandrinum (crosta do casco do cavalo).
Do Reino Mineral, podem ser utilizados sais, metais, ácidos, bases etc. Algumas substâncias são naturais como o Ferrum metallicum (Fe), Sulphur (S), Natrum muriaticum (NaCl), mas outras podem ser artificiais como por exemplo o Hepar sulphuris (CaS), que é o resultado da união de duas substâncias, e o Causticum.
O medicamento homeopático é feito a partir de uma única substância que é diluída e dinamizada e submetida à Lei da Prova. Só pela experimentação podemos conhecer o poder do medicamento (parágrafo 20º do Organon – ver anexo – resumo do “Organon ou a Arte de Curar”).
Para a Homeopatia, os medicamentos são as substâncias que, quando administradas repetidamente a seres humanos saudáveis, provocam o aparecimento de sintomas físicos e mentais. Estas substâncias, com capacidade para alterarem a saúde do Homem, são chamadas de remédios quando usadas para curar doentes que apresentem sintomas (mentais, emocionais e físicos) semelhantes aos, provocados por elas quando experimentados em pessoas saudáveis.
No parágrafo 19º do Organon e acerca do medicamento homeopático e da sua capacidade de alterar a saúde do Homem, o Dr. Hahnemann diz o seguinte:


§19
“Agora, as doenças nada mais são do que alterações ao estado de saúde de um indivíduo saudável que as expressa por sinais mórbidos, e a cura também só é possível por uma mudança à condição de saudável do estado de saúde de uma doença individual, é evidente que os medicamentos nunca podem curar a doença se não tiverem o poder de alterar o estado de saúde do homem que depende de sensações e funções; de facto, o seu poder curativo deve-se somente a este poder, que têm de alterar o estado de saúde do homem.”

                                                                                                     (Organon ou Arte de Curar)


A doença é uma alteração do estado de saúde de um indivíduo saudável. A cura só acontece quando há mudança para condição de saudável do estado de saúde de uma doença, assim o medicamento só pode curar a doença se tiver o poder de alterar a saúde do homem são. A cura e o remédio são sempre individuais.
O medicamento homeopático é uma substância que tem a capacidade de perante, uma afecção dinâmica, que tem que ser mais fraca que ele, a extinguir permanentemente no organismo vivo. É uma substância que apesar de diferente em espécie da doença natural é semelhante a esta na sua manifestação (doença artificial) e tem a capacidade de absorver a energia miasmática, deixando o princípio vital livre como princípio autocrático.
Os remédios provocam um número definido de sintomas, na alteração do estado de saúde do organismo que são verificados através da experimentação, só assim se consegue saber o poder do medicamento (parágrafo 21º do “Organon”).
A definição de medicamento homeopático está no “Organon ou a Arte de Curar” nos parágrafos 26º e 32º, que passo a transcrever:


§26
Isto fundamenta-se na seguinte Lei homeopática da natureza que de facto foi por vezes, vagamente suposta, mas não foi totalmente reconhecida até agora, e à qual é devida toda a verdadeira cura que tem ocorrido:
Uma afecção dinâmica mais fraca é permanentemente extinta no organismo vivo por uma mais forte, se a última (enquanto diferente na espécie) é semelhante à 1ª na sua manifestação (o medicamento homeopático absorve a energia miasmática).

                                                                                             (Organon ou a Arte de Curar)


No organismo vivo uma alteração, provocada por uma afecção dinâmica será permanentemente extinta por uma mais forte e semelhante (doença artificial – medicamento homeopático) e por isso com capacidade de absorver a energia miasmática.


§32
Mas é completamente diferente com os agentes mórbidos artificiais que designamos por medicamentos. Nomeadamente, todo o medicamento verdadeiro, actua todas as vezes, debaixo de todas as circunstâncias, em todos os seres humanos, e produz os seus sintomas peculiares (distintos perceptíveis, se a dose for suficiente), de modo que evidentemente todo o organismo humano vivo é capaz de ser afectado, e, por assim dizer, inoculado todas as vezes com a doença medicamentosa, e absolutamente (incondicionalmente) que, como antes já foi dito, não é de modo nenhum o caso das doenças naturais.
                                                                                             (Organon ou a Arte de Curar)


Os medicamentos agentes mórbidos artificiais, semelhantes à doença a ser curada, actuam todas as vezes, em todas as circunstâncias, em todos os seres vivos, quando administrados na dose mínima e apenas um medicamento de cada vez.
Assim como a lei da cura de Hering e os prognósticos de Kent, o entendimento dos miasmas ajuda o médico homeopata a prever e entender melhor a evolução após o tratamento.
Não há medicamentos pré determinados para tratar o miasma. Homeopatia é sempre individualização do medicamento e tratamento da totalidade.
Apesar de algumas substâncias despertarem, quando “provados”, mais sintomas relativos à psora, à sicosis ou à sífilis (luesis), os homeopatas concordam que os medicamentos são sempre “trimiasmáticos”, ou seja, todos eles despertam e curam sintomas referentes aos três miasmas.
Hahnemann descobriu que é necessário curar a “disposição” do organismo para a doença, esta disposição está presente em cada indivíduo de maneira diferente.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

MIASMA - INFLUÊNCIA MIASMÁTICA

MIASMA - INFLUÊNCIA MIASMÁTICA

O termo “miasma”, ao longo da história da medicina, serviu para designar as emanações de locais ou de corpos em decomposição, que poderiam ser as causas de doenças. Os miasmas são tendências energéticas que predispõem um indivíduo a manifestar uma determinada doença.

Em Homeopatia, o termo "MIASMA" foi utilizado pelo Dr. Hahnemann, para denominar uma perturbação dinâmica da força vital, que predispõe o organismo para a doença.
Podemos definir miasma como:

“O miasma é a contraparte energética negativa do princípio universal latente, automática, dotada de vontade própria, de acção cristalizadora que pela sua natureza se opõe à força criadora, agindo como mecanismo de regulação, a doença propriamente dita.”

Segundo o Dr. Hahnemann, desde que o homem apareceu sobre a Terra que esta perturbação é herdada de pais para filhos, ou adquirida ao longo da existência do indivíduo. Desde então, as mil e umas enfermidades que afligem o homem e toda a espécie viva, não pararam de se manifestar.
Embora os miasmas possam manifestar-se através de um agente infeccioso, a infecção propriamente dita não é um miasma, porque, ainda que os organismos patogénicos possam ser eliminados ou suprimidos, pelo tratamento alopático através do uso de antibióticos, os traços energéticos subtis do agente infeccioso subsistem num nível oculto (só o medicamento homeopático pode absorver estas energias subtis).
Estas energias, associadas a doenças, são incorporadas no campo biomagnético do indivíduo e nos seus corpos subtis superiores. Os miasmas permanecem aí até que a sua toxicidade latente seja libertada a nível molecular/celular do indivíduo, onde as alterações destrutivas ou doenças se podem manifestar. No entanto, a doença que ocorre de forma retardada é diferente da que está associada ao agente patogénico original.
Os miasmas enfraquecem as defesas naturais do organismo em determinadas áreas, e criam uma tendência que propicia uma posterior manifestação da patologia.
As pesquisas convencionais sugeriram possíveis modelos médicos para as doenças miasmáticas.
Por exemplo, certos vírus não só podem produzir sintomas relacionados com doenças, como também conseguem fazer com que o seu DNA se incorpore nos cromossomas, do seu hospedeiro humano. Uma vez lá, o DNA do vírus pode subsistir e até mesmo ser replicado, por engano, junto com os cromossomas do próprio corpo durante a divisão celular.
Se o DNA do vírus, se incorporar às células sexuais do corpo (isto é, aos espermatozóides e aos óvulos) então o DNA do vírus, teoricamente, poderá passar para as gerações futuras.
Quando debaixo de stress, quer seja fisiológico interno ou ambiental, o DNA do vírus pode ser activado e o vírus latente emerge do seu estado adormecido. O DNA que controla a expressão desse vírus, pode ser transmitido de geração em geração antes de se manifestar no indivíduo. A combinação do stress tanto biológico, como ambiental ou emocional, actua em conjunto com o DNA do vírus para produzir no corpo, alterações celulares anormais que acabam por se manifestarem no corpo pela patologia.
Embora o modelo do vírus sugira maneiras através das quais os agentes tóxicos podem afectar de forma adversa o indivíduo e a sua descendência, os mecanismos básicos referentes aos miasmas adquiridos e herdados, são geralmente de natureza energética subtil e não molecular.
Os miasmas estão mais relacionados com os efeitos vibratórios dos agentes etiológicos do que com os seus efeitos físicos sobre o organismo. Eles produzem influências energéticas/fisiológicas que predispõem a pessoa à doença.
Como podem ser transmitidos de geração para geração, os miasmas são uma via energética pela qual, acontecimentos ocorridos na vida dos pais podem ser transmitidos aos filhos.
O miasma, ou seja, o conceito de miasma, proporciona-nos a interpretação do velho ditado que diz: “os filhos herdam os pecados dos pais”.
Os miasmas ficam armazenados no corpo subtil, influenciam o mental e o emocional. Alguns miasmas são transmitidos geneticamente para as gerações seguintes. Na verdade, podemos dizer que os miasmas são um padrão cristalizado do karma.
Um miasma não é necessariamente uma doença; é o potencial, a pré-disposição para a doença.
Os miasmas podem manter-se adormecidos no corpo subtil durante longos períodos, aos poucos, através dos campos bio-magnéticos, penetram no nível molecular, depois no celular (células individuais) e finalmente, no corpo físico.
Existem três tipos de miasmas que afectam a humanidade: o planetário, o herdado e o adquirido.
Os miasmas planetários são armazenados na consciência colectiva do planeta e nos éteres. Podem penetrar no corpo físico, embora não possam lá ser armazenados.
Os miasmas herdados são armazenados na memória celular das pessoas.
Os miasmas adquiridos são doenças agudas ou infecciosas ou toxicidade química adquirida ao longo de uma dada existência.
Depois da fase aguda da doença esses traços miasmáticos fixam-se nos corpos subtis e nos níveis celular e molecular, onde podem acabar por provocar outros problemas.
Depois de muito estudar e reflectir, o Dr. Hahnemann distinguiu três Miasmas que estão na origem de todas as enfermidades que afectam a humanidade.
Chegou à conclusão que existiam algumas condições bloqueadoras que impediam a cura total do paciente e são estes obstáculos à cura que ele designou de MIASMAS, são: a psora, a sycosis e a syphilis (luesis).
Ao primeiro, chamou-lhe "PSORA" (do grego: "rascar" e mais provavelmente do hebreu "tsorat": ruptura, divisão, falha), é o mais básico de todos, é a MÃE de todos os miasmas. É da Psora que nascem os outros dois.
A Psora caracteriza-se por produzir todos os processos de exaltação das forças vitais, funcionais, nos três níveis, mental, emocional e dos órgãos (físico).
Ao segundo, chamou-lhe “SICOSIS” (do grego: "sykon", filho), é o encarregue de produzir todos os fenómenos de hipertrofia, como verrugas, nódulos, fibroses, tumores, alterações mentais que alteram a afectividade e transformam o homem num ser sem sentimentos, etc.. Manifesta-se com exuberância.
A sicosis estava associada a doenças reumáticas nas articulações e a distúrbios na região pélvica, na pele e no sistema digestivo.
Ao terceiro, chamou-lhe “SIFILIS” (nome de pastor Syphilo, que tinha relações com os seus animais), é o miasma que encarregue de produzir todos os fenómenos de destruição dos processos vitais, como úlceras, cancros, hipotonia celular e a nível mental melancolia, que pode culminar em intentos de autodestruição.
No parágrafo 79º do Organon, o 1º parágrafo em que fala da sicosis e da luesis, o Dr. Hahnemann refere-se assim a estes dois miasmas:


§ 79
“Até agora só a sífilis tem sido conhecido, até certo ponto, como a enfermidade miasmática crónica, que quando não é tratada só acaba com o fim da vida. A sicosis (a enfermidade condilomatosa), igualmente não erradicável pela força vital, sem tratamento médico apropriado, não era reconhecida como uma enfermidade miasmática crónica de carácter peculiar, que apesar de tudo o é indubitavelmente, e os médicos pensam que a curaram quando destruíram as excrescências da pele, mas a discrasia ocasionada por ela escapa à sua observação.”

                                                                                                            (Organon ou Arte de Curar)



É assim, num dos três miasmas ou nas três manifestações, onde têm origem os males de todos os seres vivos.
A tarefa mais árdua do médico homeopata, é erradicar definitivamente toda a manifestação miasmática do organismo – CURAR - é este o objectivo da homeopatia.
É importante salientar que um miasma é um factor que desequilibra (perturba) a energia vital e, por isso, predispõe o organismo às enfermidades, ao mesmo tempo que condiciona as manifestações desse desequilíbrio.
O maior desafio da vida do Dr. Hahnemann foi a Psora, foi descobri-la e compreende-la.
O facto de perceber que determinados pacientes, submetidos a tratamento homeopático, não alcançavam a cura total, fê-lo pensar na existência de miasmas.
Observou que alguns pacientes tinham sintomas que desapareciam e voltavam mais tarde, ou, só ficavam atenuados.
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A PSORA é, como referi, a perturbação primordial da energia vital. É a causa da desordem interna do homem, que se manifesta sob a forma das mais variadas doenças agudas e crónicas que afligem a civilização actual. É tão abrangente que vem desde os primeiros erros da raça humana, que estão na origem da primeira doença verdadeira da Humanidade, a doença espiritual. Se a humanidade tivesse seguido um percurso perfeito, a Psora não existiria.
É um miasma que há milhões de anos, aflige a humanidade.
Acerca da Psora, é interessante ver o que o Dr. Hahnemann nos diz no parágrafo 80º do Organon:


§80
“Incomparavelmente muito maior e mais importante que os dois miasmas crónicos que se acabam de citar, é o miasma crónico da psora, que enquanto os outros dois revelam a sua discrasia interna específica, um pelo cancro venéreo e outro por excrescências em forma de couve-flor, é também, depois de realizar a infecção interna de todo o organismo, que se manifesta por uma erupção cutânea peculiar, consiste por vezes nalgumas vesículas acompanhadas de comichão intolerável e irritante (e um odor peculiar), o monstruoso miasma crónico interno – a psora, a única causa fundamental e real produtora de todas as outras numerosas formas de doença (78), posso dizê-lo, que baixo os nomes de debilidade nervosa, histeria, hipocondria, mania, melancolia, imbecilidade, loucura, epilepsia e convulsões de toda a espécie, enfraquecimento dos ossos (raquitismo), escoliose e cifose, cárie, cancro, fungos, hematomas, neoplasma, gota, hemorróidas, icterícia, cianose, hidropisia, amenorreia, hemorragia do estômago, do nariz, dos pulmões, da bexiga e do útero, asma e ulceração dos pulmões, impotência e esterilidade, enxaqueca, surdez, catarata, amaurose, cálculos urinários, paralisia, defeitos dos sentidos e dores de mil espécies, etc., aparecem em trabalhos sistemáticos de patologia como enfermidades peculiares e independentes.

                                                                                                                    (Organon ou Arte de Curar)



A doença espiritual foi a primeira doença da humanidade, a partir da qual desenvolveu grande susceptibilidade para a Psora, que se tornou na base, na origem de todas as doenças.
Todas as doenças do homem têm a Psora como mãe, formam-se sob a sua infuência.
A Psora é o mais importante dos miasmas, é a causa fundamental de todas as formas de doença, que pelos seus diferentes nomes, foram consideradas em vários trabalhos de patologia como doenças independentes.
A Psora existe porque o caminho de cura normal foi, nalgum momento, contrariado. A capacidade de defesa do organismo encontrou um obstáculo.
Esta interferência no curso natural de libertação de energia pode acontecer objectivamente (por tratamentos supressores), ou subjectivamente (por pensamentos menos correctos, emoções, desinteresse, falta de vontade, modo de vida, etc.).
Desde os primeiros tempos que a Psora progride de simples estadios patológicos até aos mais complexos e complicados, nem sempre sozinha, mas muitas vezes com a ajuda “valiosa” de drogas (químicos), da intoxicação que durante gerações criou o terreno propício à manifestação da doença, ou seja, ao aparecimento da manifestação física da doença interna que tem como base a psora.
A psora é o miasma que predispõe o organismo para todas as enfermidades, porque coloca a energia vital num estado de hipersensibilidade, aos agentes agressores, de qualquer natureza (mental, emocional, físico, químico, climático, etc.).
No tempo de Hahnemann, o termo psora significava “sarna”. Esta palavra englobava várias patologias que possuem em comum sintomas da pele: pústulas, exantemas, escamações e o prurido. As manifestações com prurido são a primeira forma de expressão física deste miasma, uma das razões porque o Dr. Hahnemann o chamou de psora.
É interessante notar que a palavra que, em medicina, denomina as erupções cutâneas avermelhadas é exantema, palavra de origem grega que significa “eflorescência”, “surgimento da flor”, ou seja, uma manifestação que aflora, que exterioriza um desequilíbrio interno.
Segundo a Lei de Hering, a doença cura-se de dentro para fora, de cima para baixo e pela ordem inversa do aparecimento dos sintomas. A força vital, cuja função é preservar o organismo, usa a manifestação externa, cutânea, dos sintomas, que é um processo de defesa natural do organismo. Por isso, a pele e as mucosas são as partes mais propícias para a manifestação das enfermidades, constituem a periferia do organismo.
As alterações mais comuns da pele e mucosas representam o processo de libertação de energia necessário para a cura (de dentro para fora).
Com um início subtil, pouco notado, a Psora progride e manifesta-se pela doença crónica (epilepsia, insanidade, doenças malignas, tumores, úlceras, catarros, erupções cutâneas, etc.).
Os sintomas psóricos (mentais ou físicos) melhoram com o aparecimento de erupções na pele, estas manifestações, que aparecem numa pessoa sob a influência da psora, mostram o esforço da força vital (de dentro para fora), ao promover o caminho natural de cura, preservando as zonas mais importantes do organismo (órgãos internos). É a manifestação externa de um desequilíbrio interno.
As doenças podem ser entendidas sob os vários aspectos que a energia pode assumir, desde o imaterial (transtornos mentais) até ao concreto (lesão de um órgão). A supressão é a interiorização dessa energia, que pode sobrecarregar ou ser desviada e atingir órgãos mais importantes.


§202
“Se o médico da velha escola destruir o sintoma local pela aplicação tópica de remédios externos, debaixo da crença que então cura toda a doença, a Natureza compensa a sua perda, excitando a enfermidade interna e os outros sintomas que existem previamente num estado latente lado a lado com a afecção local; quer dizer, aumenta a doença interna. Quando isto acontece, normalmente diz-se, embora incorrectamente, que a afecção local retrocedeu para o interior do organismo ou para os nervos pelos remédios externos.

                                                                                                                                                                                          (Organon ou Arte de Curar)


A psora não se limita aos sintomas da pele, quando está activa, produz quadros agudos e repetidos, que são a resposta a supressões antigas.
Ao longo dos anos, geração após geração, a alopatia com aplicações externas, locais e com a utilização de químicos, foi suprimindo os sintomas e não promovendo a cura.
A supressão dos sintomas, não os cura mas proporciona, estimula a manifestação interna da doença, e os sintomas que estavam latentes aumentam e afectam outros órgãos, promovendo novas patologias cada vez mais complicadas. Pela supressão podem aparecer as afecções cancerígenas, doenças pulmonares e de coração, afecção da pele e destruição geral do organismo que pode levar a um estado de degradação total.
A inibição do processo vital de cura, pela supressão dos sintomas, pelo tratamento externo da manifestação da enfermidade, provoca tensão no organismo.


§203
“Todo o tratamento externo destes sintomas locais, cujo objectivo é removê-los da superfície do corpo, enquanto a doença miasmática interna é deixada sem cura, por exemplo, suprimir da pele as erupções psóricas por meio de toda a espécie de pomadas, queimar as úlceras com cáustico e destruir os condilomas com o bisturi, a ligadura ou o actual cautério; este modo externo pernicioso de tratamento, até hoje praticado universalmente, foi e fonte mais produtiva de todas as inúmeras doenças crónicas denominadas e inominadas debaixo das quais a humanidade geme; este tratamento é um dos mais criminosos procedimentos de que é culpado o mundo médico, e contudo é um dos que em geral são adoptados e ensinados nas cátedras profissionais, como o único método.”

                                                                                                                                                                                     (Organon ou Arte de Curar)



A supressão externa sem a cura da doença miasmática interna é a forma mais comum de alimentação da doença crónica que afecta a humanidade.
A exoneração, ao contrário, é a “superficialização” da energia, é a trajectória centrífuga (de dentro para fora), caminho natural de cura, preservando partes mais importantes do organismo.
Para o Dr. Hahnemann, a psora é o resultado da supressão de uma manifestação cutânea exonerativa.
As interferências que uma pessoa sofreu ao longo da sua vida, e que impediram a trajectória natural de cura são supressões antigas que acabam por intensificar a psora, e deixam o organismo permanentemente susceptível. Assim, a debilidade congénita do homem, ou seja a carga “geneto-heredo-familiar”, o marasmo e as variadas doenças de carácter crónico, são as “sementes” dos miasmas.
A Homeopatia sabe que o fundamental não é a agressão externa, mas sim a susceptibilidade do indivíduo, que deixa o terreno propício à manifestação da doença.
Não se pode tratar apenas o local afectado, ou seja, um órgão ou parte do corpo atingido pela doença. Se o sintoma for removido, isso não constitui a verdadeira cura que só se dá quando é feita internamente (a cura faz-se de dentro para fora).
O verdadeiro tratamento homeopático visa a cura da totalidade, a cura daquilo que deixa que a pessoa adoeça: a psora (o miasma).
A psora, por ser um aumento da capacidade do organismo de reagir para preservar a vida, demonstra a vitalidade do organismo.
Portanto, curar a psora não é promover o seu desaparecimento, mas sim levar a psora activa ao estado de psora latente, o que quer dizer levar a psora ao ponto de “equilíbrio dinâmico”. Quando o conseguimos, o indivíduo está num estado de saúde equilibrado, desde o mental ao físico, mas esse estado não é estático, existem os sintomas, que no entanto não impedem a pessoa de viver, de se desenvolver e de evoluir.
Por outro lado, a psora activa é sinónimo de hipersensibilidade, de desequilíbrio. Permite o aparecimento de transtornos funcionais que no seu conjunto são a patologia.
A psora, por ser um aumento da capacidade do organismo de reagir para preservar a vida, demonstra a vitalidade do organismo.

Depois da psora, vou falar da sicosis que é o miasma que predispõe o organismo às manifestações proliferativas.
Aparece nalgumas pessoas anteriormente afectadas pela psora.
O Dr. Hahnemann denominou todos os estados crónicos segundo os sinais mais evidentes dos respectivos miasmas: A psora é igual a sarna, prurido, sicosis é igual a tumor, secreções.
A palavra sicosis, refere-se a “tumor”, pois as manifestações externas principais desse miasma são as tumorações (verrugas, pólipos, tumores...), além das secreções patológicas.
O Dr. Hahnemann associou o aparecimento da sicosis com a supressão de infecções genitais, da mesma forma que associou a supressão dos pruridos com a origem da psora.
Com a evolução da Homeopatia, outras associações foram sendo feitas para justificar o aparecimento deste estado miasmático, por exemplo: as vacinações e outras inoculações repetidas de substâncias estranhas ao organismo, como os antibióticos.
Os sintomas dos doentes sicóticos melhoram com a libertação das secreções patológicas como catarros, pus e corrimentos; na pele, a exoneração mais comum são as verrugas.
A sicosis representa uma modificação patológica da capacidade reactiva do organismo. A energia vital, que na psora expressa hiper-função (para preservar o organismo através da exoneração) e produz sintomas funcionais, passa a produzir, na sicosis, sintomas proliferativos (tanto mentais quanto físicos) que expressam uma disfunção.
A sicosis, podemos dizer que é a “perversão” da psora.
São sintomas da sicosis na esfera mental: perversão dos sentimentos, agressividade, exacerbação da sexualidade, egoísmo (hipertrofia do ego).
Na psora vemos o prurido mental reflectir-se no prurido físico. Na sicosis vemos a hipertrofia do ego reflectir-se na hipertrofia dos tecidos.
São sintomas da sicosis na esfera física: tumores benignos, verrugas, catarros, supurações...
O miasma denominado “sífilis” ou “luesis”, como vimos, predispõe o organismo às manifestações destrutivas. Assim como a sicosis, também a sífilis aparece nalgumas pessoas previamente afectadas pela psora.
O estado psórico é consequência de um distúrbio dos mecanismos normais de defesa do organismo, o qual se torna hipersensível. A psora possibilita, então, o aparecimento de outros miasmas – a sicosis e a sífilis.
A sicosis, como já vimos, caracteriza-se pela tendência à proliferação, à hipertrofia.
A sífilis, por sua vez, caracteriza-se pela tendência à destruição.
Essas tendências que caracterizam cada miasma são percebidas sempre na totalidade do indivíduo, desde a esfera mental até o físico.

  • Na psora, o prurido da mente reflecte-se no prurido da pele.
  • Na sicosis, a hipertrofia do ego reflecte-se na hipertrofia dos tecidos.
  • Na sífilis, a destruição da mente reflecte-se na destruição dos tecidos.

Por isso, um doente cujo miasma predominante é sífilis apresentará sintomas com tendência destrutiva desde o mental até o físico.

  • São exemplos de manifestações físicas do miasma sifilítico ou luesis: as ulcerações.
  • São exemplos de manifestações mentais do miasma sifilítico: a agressividade, o desejo de vingança, a tendência ao suicídio (autodestruição), sentimentos de ódio etc...
Os transtornos do paciente, sob influência da luesis, aliviam com o aparecimento de úlceras na pele e mucosas e com as secreções purulentas.

  • A psora é caracterizada pela hipersensibilidade do organismo.
  • A sicosis, pela disfunção do organismo.
  • A luesis, leva à deficiência ou falta de reacção natural do organismo.

Enquanto que a sicosis perverte a psora, o miasma sífilis/luesis, inibe a psora.
Não se pode confundir o miasma “sífilis” ou luesis, com a patologia denominada “sífilis”. O Dr. Hahnemann usou a patologia sífilis como modelo para ilustrar as manifestações do miasma caracterizado pela destruição, por isso utilizou o mesmo nome.
A compreensão do miasma e a sua cura homeopática são a forma de prevenção mais completa de toda a medicina, porque o homeopata consegue distinguir o momento de tratar mesmo antes de aparecerem os sintomas físicos, antes que a doença surja como entidade nosológica tal qual é estudada pela patologia.
O homeopata pode detectar a doença quando ela ainda é apenas “lesão dos sentimentos”.
A medicina convencional tende a preocupar-se com o agente agressor que em geral está associado à patologia, quase sempre a culpa maior recai sobre um factor externo (microorganismos) para o qual é direccionado o tratamento. Além disso, o médico convencional concentra a sua terapia na parte do organismo que está sensivelmente afectada, como se o problema fosse restrito àquele local específico.

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Para concluir o que acabei de dizer sobre os miasmas, vou referir alguns parágrafos do Organon onde o Dr. Hahnemann nos fala de miasmas e conclui (204§) que se excluirmos as afecções crónicas causadas por hábitos de vida menos saudáveis e a doença iatrogénica, a maioria das doenças crónicas resulta do desenvolvimento de um dos três miasmas:
·        luesis, sicosis e psora (principalmente da psora interna).
Só a extinção homeopática dos miasmas, com o medicamento interno apropriado, que tiver a capacidade de absorver o miasma, poderá reduzir o número de doenças crónicas que afectam a humanidade.
Seguidamente, no (205§) fala da correcta actuação do homeopata a fim de promover a cura.
O homeopata não trata os sintomas primários do miasma, nem as afecções secundários por meio de remédios locais, nem por agentes externos que agem dinamicamente, nem pelos que actuam mecanicamente. Não adianta fazer extirpações de tumores, por ex., sem curar a doença que está a afectar internamente o organismo, pois caso contrário a doença terá que se manifestar noutro local, noutros órgãos, senão, até a data da morte pode ser apressada.


§204
Se exceptuarmos todas as afecções crónicas, sofrimentos e doenças que dependem de um modo insalubre de vida persistente (§77), e também as inumeráveis doenças medicamentosas (§74) provocadas pelo irracional, persistente, fatigante e pernicioso tratamento das doenças muitas vezes só de carácter trivial por médicos da velha escola, a maioria das restantes doenças crónicas resultam do desenvolvimento destes três miasmas crónicos, a siphílis interna, a sicosis interna, mas principalmente e numa proporção infinitamente maior que a psora interna. Cada uma destas infecções já tinha atacado todo o organismo, e invadindo-o em todas as direcções antes do aparecimento do primeiro sintoma local substituto de cada um deles (no caso da psora a erupção sarnosa, no caso da sífilis a úlcera venérea ou o bubão, e no caso da sicosis os condilomas) que previnem a sua explosão; estas enfermidades crónicas miasmáticas, se se lhes tira o seu sintoma local, estão inevitavelmente destinadas pela Natureza, toda poderosa, a mais tarde ou mais cedo a desenvolverem-se e a explodirem, e deste modo a propagarem todas as misérias sem nome, o incrível número de doenças crónicas que têm infestado a humanidade por centenas de milhares de anos, nenhuma das quais se teria manifestado tão frequentemente se os médicos tivessem procurado essa maneira de curar radicalmente e extinguirem estes três miasmas sem utilizarem remédios locais para corresponderem aos sintomas externos, confiando somente nos remédios homeopáticos internos para cada um deles. (ver nota ao §282).

(Organon ou Arte de Curar)


Para curar, o homeopata trata o miasma do qual os sintomas dependem.
Quando o miasma é curado, os sintomas primários e secundários desaparecem espontaneamente.
É por não ser esta a forma de tratamento utilizada pelos médicos da velha escola (alopatas), que o homeopata encontra muitas vezes os sintomas primários já destruídos pela aplicação de remédios externos (supressão de sintomas) e depara-se com sintomas secundários difíceis de tratar que causam a Doença Crónica.
Para que esta doença crónica posse ser curada, para que se possa tratar correctamente (206§), o médico deve diferenciar o quadro da doença “Picture”, para saber se o doente teve uma infecção venérea (resultante da luesis - o tratamento deve ser dirigido a ela) ou uma infecção com gonorreia condilomatosa (psora).


§205
“O médico homeopata nunca trata um destes sintomas primários do miasma crónico, nem uma das suas afecções secundárias que resultam do seu desenvolvimento posterior, por meio dos remédios locais (nem por aqueles agentes externos que agem dinamicamente, nem por aqueles que actuam mecanicamente), mas cura só o grande miasma do qual dependem, nos casos onde aparece um ou o outro, e deste modo os seus sintomas primários como também os seus sintomas secundários desaparecem espontaneamente; mas como este não era o método seguido pelos praticantes da velha escola, que o precederam no tratamento do caso, o médico homeopata em geral e infelizmente, vai encontrar os sintomas primários já destruídos pelos remédios externos, e agora tem de fazer mais com os sintomas secundários, isto é, as afecções resultantes da eclosão e desenvolvimento destes miasmas inerentes, mas em especial com as doenças crónicas causadas pela psora interna. Para o seu tratamento interno aconselho ao leitor a minha obra As Doenças Crónicas, onde indico o meio que deve ser seguido e um modo tão rigoroso que um simples médico só poderia fazê-lo depois de muitos anos de reflexão, observação e experiência.”
(Organon ou Arte de Curar)



§206
“Antes de começar o tratamento de uma doença crónica, é necessário fazer uma investigação muito cuidadosa para saber se o paciente teve uma infecção venérea (ou uma infecção com gonorreia condilomatosa); e assim o tratamento deve ser dirigido só a esta, quando só estão presentes os sinais da sífilis (ou da rara doença condilomatosa), mas actualmente esta doença é muito rara de se encontrar isolada. Se esta infecção ocorreu previamente, deve-se ter em conta no tratamento daqueles casos onde a psora está presente, porque neles, porque neles o último (miasma psórico) está complicado pelo primeiro (miasma luesis), como sempre quando os sintomas não são aqueles de pura luesis; quando o médico pensa que tem diante de si um caso da velha doença venérea, tem sempre, ou quase sempre, de tratar uma afecção síphilitica acompanhada na maioria (complicada com) pela psora na discrasia sarnosa interna. A psora é de longe a causa mais frequente das doenças crónicas. Por vezes, ambos os miasmas podem também complicar-se com a sicosis em organismos cronicamente enfermos, ou, como é muito mais frequente o caso, a psora é a única causa fundamental de todas as outras doenças crónicas, qualquer que seja o nome que tenha, e que são além do mais, na maioria das vezes, misturadas, aumentadas e desfiguradas até a um grau monstruoso pela imperícia alopática.”

(Organon ou Arte de Curar)

A luesis e a psora podem também complicar-se com a sicosis, em organismos cronicamente doentes, mas a psora é a causa fundamental de todas as doenças crónicas. Qualquer que seja a doença, a psora é a mãe de todos os miasmas e de todas as doenças crónicas, é a grande causa da doença crónica.