Conceito de Doença em Homeopatia
Como o Dr. HAHNEMANN refere no parágrafo 11 do “Organon ou Arte de Curar”, a doença é uma alteração da parte energética do homem, é uma perturbação mórbida da energia vital, que se manifesta através de sintomas mórbidos, com a consequente diminuição da força vital. A doença aparece quando a força vital (automática) activa, espiritual, presente em todo o organismo é afectada pela influência dinâmica (matéria pecans).
§ 11 “Quando a pessoa cai doente, é só esta força vital (automática) activa, espiritual, presente em todo o lado neste organismo, que é primeiramente afectada pela influência dinâmica dum agente mórbido inimigo à vida; é só o princípio vital, afectado por tal estado anormal, que pode fornecer o organismo com as suas sensações desagradáveis, e predispô-lo para os processos irregulares que chamamos doença; porque, como um poder invisível nele próprio e apenas conhecível pelos seus efeitos no organismo, as suas perturbações mórbidas só se fazem conhecer pela manifestação da doença nas sensações e funções daquelas partes do organismo exposto aos sentidos do observador e médico, isto é, pelos sintomas mórbidos, e não há outro meio que possa dar-se a conhecer.” (Organon ou Arte de Curar) |
Estes agentes mórbidos afectam o princípio vital, aparecendo no organismo como perturbações mórbidas. O organismo fica predisposto para processos irregulares de funcionamento a que chamamos doença.
Quando isto acontece, a doença manifesta-se projectando-se emocional e fisicamente, de acordo com as condições que foram proporcionadas pela carga “Geneto-Heredo-Familiar” do indivíduo e pelos hábitos de vida contraídos durante a sua existência. Ou seja, a genética familiar que herdamos assim como os hábitos familiares que normalmente aceitamos, ficamos condicionados fisicamente para que a doença se manifeste patologicamente de acordo com as fragilidades físicas que herdamos da nossa família.
Toda a doença começa no mental e as chamadas “doença emocional” e “doença física”, não são mais do que a maneira que o organismo encontrou de manifestar a diminuição da força vital, sob a forma das mais diversas patologias.
A doença manifesta-se sempre em três níveis: mental, emocional e físico.
É o resultado de um desequilíbrio na Força Vital, um desequilíbrio ou alteração energética ou dinâmica na saúde. É esta vitalidade que age profundamente, a primeira que se altera. Qualquer dos seus primeiros movimentos são invisíveis ao observador o que imediatamente se pode observar é uma alteração no emocional (a nível das emoções, do afecto, vontade, intelecto), passando de seguida, a manifestar-se nos planos mais densos ao nível dos órgãos, do corpo físico. É o conflito entre o mental e o emocional que causa a patologia.
Desde que o Homem tomou consciência de si e do que se passa à sua volta, observou que todas as pessoas são diferentes, são únicas.
Cada indivíduo, numa mesma situação de stress, dá uma resposta diferente para a situação. Algumas pessoas, parecem não serem afectadas por qualquer distúrbio interno ou externo a que estejam sujeitas, ao invés de outras, às quais os mesmos distúrbios causam manifestações mais ou menos graves, mais ou menos profundas, sempre de acordo com o indivíduo. A manifestação dos sintomas é individual e está sempre de acordo com a capacidade que o organismo tiver de lidar com as influências internas ou externas a que está sujeito o indivíduo.
É pela apreciação do conjunto dos sintomas e de todas as manifestações quer elas sejam físicas, emocionais ou mentais que o homeopata chega ao doente e por conseguinte à doença. Só assim será possível encontrar o medicamento mais semelhante para alcançar a cura, que é o objectivo e a missão do médico, como nos diz o Dr. Hahnemann no 1º parágrafo do Organon.
§ 1 “A mais elevada e única missão do médico é restabelecer a saúde dos enfermos, curar, como é denominado.” (Organon ou Arte de Curar) |
O Homeopata procura, além das alterações físicas do doente, outros sinais e sintomas que caracterizem o indivíduo na totalidade.
Preocupa-se em diagnosticar as enfermidades dos seus doentes, porém a terapêutica não está presa, não depende, do diagnóstico da patologia, ao contrário do que acontece com o médico alopata, que fica de mãos atadas enquanto não descobre o nome da doença do paciente.
Toda a ciência e arte da Homeopatia estão voltadas para a procura do medicamento mais semelhante ao indivíduo que se quer curar.
A explicação do que é a saúde e a cura para a Homeopatia é dada pelos parágrafos 9 e 19 do Organon.
No parágrafo 9, O Dr. Hahnemann dá-nos a definição de força vital e o conceito de saúde.
Descreve o que é a saúde para a Homeopatia: um equilíbrio dinâmico mantido pela energia vital, que, como vimos nos temas tratados anteriormente, é a parte imaterial de qualquer ser vivo.
§ 9 “Na condição de saúde do homem, a força vital espiritual, (autocrata), a dinâmica que anima o corpo material (organismo), governa com poder ilimitado, e mantém todas as partes do organismo em funcionamento harmonioso e admirável, com respeito tanto a sensações como a funções, de modo a que o espírito dotado de razão que vive dentro de nós, pode empregar livremente este instrumento vivo e são nos mais elevados propósitos da nossa existência.” (Organon ou Arte de Curar) |
A respeito deste parágrafo, James Tyler Kent, homeopata contemporâneo de Hahnemann, disse que é inacreditável como alguém conseguiu dizer tanto em tão poucas linhas.
Para o Dr. Hahnemann, a saúde está intimamente ligada aos objectivos de vida, à capacidade criativa do homem. A saúde não pode ser um fim, mas um meio. Um tratamento verdadeiro é o que promove a cura do doente por inteiro, ou seja, de todos os níveis da vida do indivíduo, desde o mental até ao físico.
No parágrafo nº19 do Organon, o Dr. Hahnemann fala-nos da doença. Explica:
§ 19 “Agora, as doenças, nada mais são do que alterações ao estado de saúde de um indivíduo saudável que as expressa por sinais mórbidos, e a cura também só é possível por uma mudança à condição de saudável do estado de saúde de uma doença individual, é evidente que os medicamentos nunca podem curar a doença se eles não tiverem o poder de alterar o estado de saúde do homem que depende de sensações e funções; de facto, o seu poder curativo deve-se somente a este poder, que têm de alterar o estado de saúde do homem”. (Organon ou Arte de Curar ) |
A doença não é nada mais que a alteração do estado de saúde de um indivíduo saudável e só pode ser conhecida na sua totalidade através de todos os sinais e sintomas e não apenas a alteração física deve ser considerada como enfermidade, mas todos os sinais que constituem aquele desequilíbrio individual. Cada pessoa tem a sua forma de adoecer.
Curar é promover um retorno ao estado de saúde (equilíbrio dinâmico). Ora, o que mantém a saúde do nosso organismo é a força vital, portanto o medicamento só pode curar a doença se tiver o poder de alterar a saúde do homem são (o modo como a pessoa sente e funciona). Para promover a cura o medicamento precisa de ser capaz de afectar (influenciar) a força vital.
A cura só acontece por mudança para a condição de saudável do estado de saúde de uma doença. Para que isto aconteça, o homeopata deve conhecer a doença, como funcionam os remédios e como os prescrever. É imprescindível uma boa anamenése, conhecimento da matéria médica e saber a posologia correcta (dose mínima e ritmo de tomas) do medicamento.
Tal como acontece com a manifestação da doença, a cura e o remédio também são sempre individuais.
Quando o Homem adoece há duas maneiras de a doença se manifestar, pela doença aguda ou pela doença crónica.
Quando a doença aparece subitamente, é rápida, faz o seu curso e acaba rapidamente chamamos-lhe doença aguda. A doença aguda tem a sua origem na causa excitante (ver parágrafos 72 e 73 do Organon).
Quando por outro lado, vai aparecendo lentamente, removendo a saúde gradualmente, sem se dar por isso e a energia vital não a consegue extinguir sozinha, ou seja quando é causada pela influência dinâmica de um miasma, chamamos-lhe doença crónica.
A definição de doença crónica, está no parágrafo 78 do Organon, que vou transcrever a seguir:
§78 “As verdadeiras doenças crónicas naturais são aquelas que se originam dum miasma crónico, que quando deixadas a si próprias, e não controladas com o emprego dos remédios que lhes são específicos, sempre vão aumentando e piorando, não obstante o melhor regime mental e físico, e atormentam o paciente até ao fim da sua vida com sofrimentos agravados. Estas, exceptuando as produzidas por tratamento médico errado (§74), são as mais numerosas e a maior calamidade da raça humana; pois a constituição mais robusta, o melhor método de vida regular e a energia da força vital mais vigorosa, são insuficientes para a sua erradicação.” (Organon ou Arte de Curar) |
Como nos diz o Dr. Hahnemann, a doença crónica é a que tem origem no miasma que quando não é controlado com o medicamento específico, vai aumentando e piorando, perseguindo o paciente até ao fim da vida, mesmo que o paciente tenha um bom modo de vida, boa constituição física e vigorosa força vital, é o pior distúrbio da saúde que pode acontecer ao homem. A doença crónica só se consegue curar com a ajuda do medicamento específico.
Já vimos, em parágrafos anteriores que a doença começa sempre no mental do indivíduo ou seja, são as perturbações mentais do paciente, a sua disposição mental, são os principais sintomas, que não podem passar despercebidos à observação do médico, que levam à escolha do medicamento mais semelhante.
A respeito deste assunto, diz-nos o Dr. Hahnemann no parágrafo 211:
§ 211 “ Isto é muito importante, a tal ponto, que o estado mental e emocional do paciente determina na maioria das vezes a selecção do medicamento homeopático, sendo um sintoma decididamente característico e que é entre todos o que não pode ficar de modo nenhum oculto à observação apurada do médico.” (Organon ou Arte de Curar) |
Desde que nasceu, há 200 anos, que a Homeopatia procura entender o que há por trás dos mecanismos fisiopatológicos. O que é que precisa de ser curado.
Sabemos que por trás dos processos bioquímicos existe uma “dinâmica” que condiciona o processo do adoecer, ou seja, há no indivíduo algo, uma influência, que predispõe à doença.
O Dr. Samuel Hahnemann reconheceu esses indícios no início do século XIX. Verificou que há um estado anterior à patologia, que pode ser sentido pelo indivíduo (e reconhecido pelo homeopata) como “algo que está errado”.
A alteração provocada por esta influência que predispõe para a doença, à qual o Dr. Hahnemann apelidou de “miasma”, altera o normal estado mental e comportamental do indivíduo, acentua os efeitos do seu próprio carácter, mostrando, fisicamente pelos sintomas, alterações funcionais e estruturais, a desarmonia gerada nos seus planos superiores.
muito bom!!! me ajudou e tirou minhas dúvidas
ResponderEliminarLi e entendi perfeitamente. Exatamente como sempre imaginei. Excelente conteúdo!
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